História

A Orquestra Sinfônica Nacional (OSN) foi criada pelo Governo Brasileiro, através do Decreto nº 49.913, de 12/01/1961, por um ato do Presidente da República Juscelino Kubitschek, um entusiasta da música, e nasceu vinculada ao Serviço de Radiodifusão Educativa (SRE), tendo “como finalidade precípua cultivar e difundir a música sinfônica do país”.

Integrou a Campanha Nacional de Radiodifusão Educativa e foi constituída pela incorporação de todos os músicos sinfônicos da Rádio Nacional, a elite dos músicos brasileiros à época, tornando-se assim uma “orquestra rádio sinfônica” nos moldes de outras grandes orquestras internacionais, como ORTF francesa, BBC inglesa, RAI italiana e Bayerische Rundfunk alemã, o que permitia potencializar a difusão da música sinfônica pelo país.

A Rádio MEC vivia então a sua época de ouro e produziu centenas de gravações exclusivas da OSN, atingindo público diversificado e cumprindo relevante função social. Suas programações eram elaboradas anualmente por um Conselho Artístico designado pelo Ministro de Estado, cuja presidência era exercida pelo Diretor do Serviço de Radiodifusão Educativa, conforme definido no Decreto de criação.

Grandes nomes do cenário nacional como Francisco Mignone, Edino Krieger, César Guerra-Peixe, Hekel Tavares, Camargo Guarnieri, Mario Tavares, dentre outros, são exemplos de nomes que abrilhantaram a OSN, não só com as suas participações como músicos, mas também na regência de suas próprias obras.

No período de 1961 a 1972 importantes maestros engrandeceram os concertos da OSN, como Isaac Karabtchevsky e John Neschling, e solistas como Nelson Freire e Jean Pierre, dentre outros, sendo a década de 70 particularmente profícua para a OSN: além dos concertos grandiosos que realizava pelo Estado do Rio de Janeiro, a Rede de Televisão TVE – Cultura fazia o registro e a transmissão dos concertos semanalmente, oportunizando que o trabalho da OSN e os seus músicos fossem conhecidos pelo grande público.

Após 21 anos participando de centenas de gravações (e transmissões) de obras de autores brasileiros consagrados, com cerca 200 longplays gravados, em 1982, o Presidente João Figueiredo fez publicar o Decreto nº 87.062 que dentre outras medidas extinguiu o Serviço de Radiodifusão Educativa (SRE) do MEC no qual a OSN estava lotada, transferindo seu acervo para a Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa (FUNTEVÊ)[i].

O documento não extinguiu a OSN, mas a partir da sua publicação seus músicos passaram a não ter lotação definida nem local para ensaiar, sendo este considerado o período mais difícil experienciado pelos músicos: inatividade, profissionais em disponibilidade, com salários diminuídos e o risco de sua extinção. Os desdobramentos da Reforma Administrativa constituíram duros golpes no trabalho desenvolvido pela OSN até então.

Em 1984, a OSN, através do violonista mineiro José Epaminondas de Souza, e a Universidade Federal Fluminense, na gestão do Reitor José Raymundo Martins Romeo, iniciam uma tentativa de manter a orquestra, buscando remédio legal que permitisse alocar os seus profissionais no quadro da universidade e resgatar o seu acervo que havia sido destinado por Decreto à FUNTEVÊ.

Em 31 de maio daquele ano, finalmente, foi publicada a Portaria nº 518, da Secretaria de Pessoal Civil do Departamento Administrativo de Serviço Público (DASP), oficializando a transferência dos 63 músicos para o quadro de servidores da UFF.

Em 1985, apesar de mais segura com a determinação judicial para que seu acervo migrasse para a Universidade Federal Fluminense, a OSN ainda aguardava legislação que garantisse essa decisão, até que em 1986, o então presidente José Sarney assina o Decreto nº 92.338, de 28 de janeiro daquele ano, incorporando de uma vez por todas a OSN à UFF.

O Teatro Municipal de Niterói[ii] (antes da grande reforma) tornou-se sede de seus ensaios, dando início a uma nova fase. Novos concursos públicos foram realizados com a finalidade de repor parte do seu contingente de músicos (1989/1990/1993/1994) o que fortaleceu o grupo, possibilitando dar consecução às suas atividades e à execução de concertos cada vez mais elaborados.

A partir de 1992 a OSN seguiu realizando regularmente seus concertos no Cine Arte UFF nas manhãs de domingo sob a regência do maestro Chléo Goulart, com entrada franca, estabelecendo uma relação diferenciada com seu público que lotava o espaço, realizando uma gama cada vez mais diversa de eventos com solistas e regentes convidados e participações especiais dos músicos da própria OSN. Dentre os maestros que estiveram à frente da OSN perfilaram nomes como o Carlos Eduardo Prates, André Cardoso, Roberto Duarte, Carlos Moreno, Chiyuki Muracata, Per Brevig, Alceo Bocchino, Ligia Amadio e Lutero Rodrigues.

Em 2001, pela comemoração da OSN UFF 40 anos, participaram como regentes convidadas, além da Ligia Amadio, a Claudia Feres e a Érika Hendrikson.

Em 2009, tendo sido criada, a pedido, a vacância da regência titular da OSN, os músicos decidem implementar uma maneira diferenciada de trabalhar e constituem uma Comissão Artística formada com seus próprios músicos, que passa a fazer a escolha dos repertórios e dos regentes convidados, dando início a uma nova fase artística, mais autônoma. Uma comissão que passa a definir a linha de atuação artística da orquestra, afirmando sua identidade, seus objetivos e diretrizes.

Assim, a OSN abriu sua temporada no dia 5 de abril com a regência do maestro Henrique Morelembaum e o solista Paulo Pedrassoli, em um programa dedicado a Villa-Lobos, Bach e Mendelson e dentre os regentes convidados desfilaram nomes como Elias Vicentino[iii], André Cardoso, Sammy Fuks e Sarah Higino, Roberto Duarte, Ricardo Rocha, Tim Rescala e Carlos Prazeres, uma dinâmica que resultou em aprimoramento ainda maior dos seus músicos.

Em 2011 a OSN comemorou seu jubileu de ouro com a Série 50 anos OSN UFF, sob a regência dos maestros convidados Samy Fucks, Tobias Volkmann, Roberto Duarte, Norton Morozowicz e Henrique Morelembaum.

Hoje, a Orquestra Sinfônica Nacional é composta por 83 músicos, todos servidores do quadro efetivo da UFF, e mantém sua missão precípua de difundir a música brasileira. Através do seu trabalho de aprimoramento técnico, busca ofertar música executada com excelência, garantindo o acesso dos espectadores ao espaço público e a manutenção do mercado de trabalho do músico brasileiro.

[i]           Cópia reconstituída de 1980, produzida e editada pelo cineasta Francis Ford Coppola.
[ii]           Teatro Municipal João Caetano.
[iii]          Trompista da OSN UFF.

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